RELEMBRAR É VIVER Nº 1
ASSAD GRANJEADO EM 2010 COM A ORDEM CRUZEIRO DO SUL
A foto deste post exibe momento da sorridente cerimônia ocorrida em 2010, na qual o então Presidente em exercício da República, acompanhado de Marisa Letícia, então Primeira Dama, concede a Bashar Al Assad, ditador da Síria, a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Este está acompanhado de Asma Assad (última à esquerda da foto), sua esposa e coadjuvante da ditadura sanguinária iniciada em 1971 por Hafez Al Assad, pai de Bashar e sogro de Asma. O governo de Bashar deu sequência a uma espiral de horrores pavimentada por centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados, ação exercida com inigualável maestria pelo simpático casal Assad.
É forçoso considerar que a infindável trajetória de crimes contra a Humanidade levados a cabo pelo casal Assad sempre contou com a conivência de apoiadores do exterior, inclusive, é claro, e como a foto evidencia, do então Presidente em exercício do Brasil.
A atuação de Bashar, que se notabilizou pela repressão selvagem de serviços de segurança anteriormente organizados pelo seu pai, fazendo uso de armas químicas amplamente utilizadas contra o povo sírio na Primavera Árabe, pelo bombardeio indiscriminado da população civil pelos seus apoiadores russos e iranianos, além é claro, do habitual (e indigesto) cardápio entremeado por atos de tortura, estupros de mulheres e raptos de crianças, foram impostos a todos os setores e comunidades do povo sírio.
Tudo isso transforma a entrega da condecoração a um criminoso da estatura de Bashar Al Assad numa vergonha desmedida, numa afronta a qualquer cidadão brasileiro que tenha um mínimo de vergonha na cara.
A saber: a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul é restrita a, assim consideradas, "personalidades" estrangeiras. Assim, a concessão da honraria é efetivada por um Conselho da Ordem, no qual, em posição de comando desponta o Grão-Mestre (grau mais alto cargo da ordem), exercido pelo Presidente da República Federativa do Brasil e pelo Chanceler da Ordem, titularizado pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores.
Neste senso, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul trata-se da mais elevada homenagem atribuída a cidadãos estrangeiros, sendo que o ato de concessão da honraria ocorre por decreto presidencial, configurando, do mesmo modo, num ato de relações exteriores.
Assim, coerentemente, a condecoração da Ordem do Cruzeiro do Sul gentilmente atribuída ao carniceiro de Damasco, foi assinada pelo então Presidente da República e igualmente, por Celso Amorim, seu paradigmático assessor na área das Relações Internacionais.
Sim claro, podemos elencar um cipoal de críticas a esta controversa iniciativa (uma é óbvio, entre centenas e milhares de outras), de responsabilidade do Presidente eleito em 2003 e reeleito em 2006. Todavia, agora, na esteira da queda da ditadura da família Assad, que transformou a Síria, tal como a Coréia do Norte, numa intrigante república hereditária, os cadáveres não param de sair do armário.
As últimas informações dão conta por exemplo, do verdadeiro matadouro humano da prisão de Sednaya, mantida pela ditadura familiar dos Assad nos arredores de Damasco. As notícias que chegam dão conta de um presídio de dar inveja aos nazistas alemães (Para saber mais, acessem o link que segue: https://www.youtube.com/watch?v=cjLdahRxALE ).
Isto posto, do que está exposto, qualquer indivíduo, desde que municiado com cérebro minimante superior ao de um invertebrado, poderia indagar:
1. Qual foi o sentido de oferecer a comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul a açougueiros como Bashar Al Assad?
2. Porque até agora o governo brasileiro não se pronunciou a este respeito e justificadamente, não retirou a condecoração deste assassino?
3. Estão esperando o que?
MAURÍCIO WALDMAN
Senior Research - Africa Research Institute/ Doctoral School for Safety and Security Sciences, Budapest University - Hungary
Antropólogo e Jornalista (MTb 79.183-SP)