quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Waldman e Florestan Fernandes


A fotografia deste post é uma das que compõem meu álbum de fotos pessoal e pela qual tenho grande apreço. Creio que não é por pouco.

Na foto sou eu debatendo sobre a questão racial no Brasil com o grande mestre Florestan Fernandes (1920-1995), registro de evento promovido pelo movimento negro da capital paulista lá pelos idos de 1988.

Certamente o instantâneo faria qualquer cidadão se sentir honrado.  Na época, somando eu apenas 33 anos de vida, trocar idéias com Florestan Fernandes numa mesa pública de debates não seria de modo algum uma mera nota na minha agenda pessoal.

Florestan foi um grande nome das ciências sociais no Brasil. Sociólogo e autor de mais de 50 obras, foi professor titular na Universidade de São Paulo (USP). Eleito Deputado Federal em dois mandatos (1986-1990 e 1990-1994), distinguiu-se por seu protagonismo na questão da inserção social do negro na sociedade brasileira.

Florestan materializou esta solidariedade através de atos políticos em defesa de coberturas legais para criar suportes inclusivos para a comunidade negra.

Defendendo a aplicação de políticas públicas especiais de suplementação educacional, social e econômica para o segmento afro-brasileiro, na visão de Florestan Fernandes tais programas constituiriam experimento crucial para democratizar o país e libertar a sociedade nacional do passado escravista.  

Note-se que nos finais dos anos 1970, alavancada pelos movimentos sociais e por membros da intelligentsia - dentre os quais evidentemente o icônico Florestan Fernandes - a questão do negro ingressou na ordem do dia.

Foi com lastro nestas ações que, por exemplo, os direitos dos quilombolas são inscritos na Constituição de 1988 e que a Lei nº. 10.639, de 09-01-2003, tornou obrigatória a temática negro-africana no ensino médio e fundamental.

São conquistas com as quais me identifico. E certamente, também o grande mestre Florestan Fernandes.

Deixo esta foto como registro de um passado que se renova no presente.

É isso.

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