quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Lixo: A Disputa por aquilo que Sobra


Em grande número de avaliações, a questão da gestão dos resíduos sólidos está circunscrita a aspectos técnicos ou avalizam temários anódinos, apologéticos de uma noção de cidadania que subentende a catação como um passaporte a priori para a inclusão social.

Na realidade - e a despeito de um pool de políticas sociais levadas a cabo nos últimos anos - os catadores constituem a epítome de uma sociedade marcadamente dessimétrica, averbação que ainda mantém toda sua força.

Nessa via de entendimento, avalizar políticas inclusivas requer um quadro de referências bem mais amplo e complexo, atinente aos nexos contraditórios que regem a sociedade brasileira.

Pontuando melhor: para as recicladoras, os descartes constituem matéria-prima. Mas, para o segmento fabril “tradicional”, a reciclagem funciona apenas como possibilidade de minimizar custos de produção.

Quanto aos que estão devotados em recuperar energia do lixo através da incineração, estes entendem os rejeitos como combustível e não como materiais reaproveitáveis. Para os que gerenciam aterros e a coleta do lixo, o que interessa é a quantidade de refugos domésticos disponíveis para ser abduzida, e não a sua recuperação.

Por sua vez, aspectos econômicos envolvidos na catação não são vistos na mesma perspectiva pelos catadores “avulsos” ou pelas cooperativas.

Envolvendo, pois uma diferenciada ciranda de motivações e procedimentos, a gestão do lixo sugere um apanhado crítico, vocacionado a expor o contraditório e os dilemas que pespontam por este temário.

Foi com tal pretensão que confeccionei o texto RECICLAGEM, CATADORES E GESTÃO DO LIXO: DILEMAS E CONTRADIÇÕES NA DISPUTA PELO QUE SOBRA.

RECICLAGEM, CATADORES E GESTÃO DO LIXO: DILEMAS E CONTRADIÇÕES NA DISPUTA PELO QUE SOBRA foi publicado pelo Boletim Paulista de Geografia, da Associação dos Geógrafos Brasileiros, nº. 93, pp. 131-145.

O material está a disposição dos interessados. Confira-se:

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