Oriana Fallaci (1929-2006), escritora
e jornalista italiana, foi uma das mais influentes profissionais da imprensa no
Século XX. Natural de Florença, envolveu-se com o ativismo político desde a
mais tenra idade. Aos dez anos, participava da resistência ao fascismo e à
ocupação nazista da Itália, e por esta razão, foi condecorada pelo exército
italiano aos 14 anos.
Não havia nada que “La Fallaci”
gostasse mais do que enfurecer aqueles que pensavam ser seus pretensos amigos e
aliados. Não deixava pedra sobre pedra: questionava conformistas, emparedava “fascistas
vermelhos”, os defensores da Guerra do Vietnã e os apaziguadores da opinião pública.
Feminista, Oriana Fallaci foi também
destacada defensora dos direitos da mulher, e nunca abriu mão deste ativismo,
sendo um dos seus alvos, o inconformismo que manifestava ao que entendia como
imposição da passividade e submissão das mulheres através da Sharia, o código religioso muçulmano.
Em 1979, seguiu para o Irã para
entrevistar o Aiatolá Khomeini. “La Fallaci” bombardeou o sisudo líder com
questionamentos sobre comportamento ditatorial, despotismo e é claro, sobre a
situação da mulher no Irã, detendo-se na obrigatoriedade do véu islâmico, que a
jornalista fora obrigada a colocar para entrevistar Khomeini.
“Nossos costumes”, respondeu
Khomeini, “não são da sua conta. Se você não gosta da vestimenta islâmica, nossos
costumes não dizem respeito a você, porque a vestimenta islâmica é boa e
adequada para as mulheres jovens e respeitáveis”.
“Muita gentileza da sua parte”,
respondeu Fallaci. “E aproveitando o ensejo, vou tirar esse farrapo medieval e
ridículo, agora mesmo”. Fallaci jogou fora o véu e deixou o recinto sem dizer
nada.
No dia seguinte, fazendo um dos
repetidíssimos discursos com acusações contra o Ocidente, Khomeini,
contrariado, mencionará o encontro publicamente, chamando Fallaci de “aquela
mulher” e culpando os “inimigos” do Irã por procurarem “ludibriar um punhado de
meninas para que tirassem suas hijabs
na rua”
Hoje, milhares de iranianas, seguindo
“aquela mulher”, estão organizando protestos sucessivos contestando o uso
obrigatório do xale, uma mulher que tem nome: Oriana Fallaci.
MAURÍCIO WALDMAN
Jornalista – MTb 79.183-SP
Deixe o seu comentário se assim desejar.
MORE INFO:
Jornal Corriere Della Sera
Chronicles from the Holocene
The Independent’s
http://www.oriana-fallaci.com/
Leitura muito interessante! Não conhecia a história nem o trabalho desta fantástica e corajosa mulher. Grata pelo texto!
ResponderExcluirObrigado Graza pela deferência!!!! Bjs, MW
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